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- Faltou algo em sua palestra sobre o Caminho de Santiago, diz- me uma peregrina, assim que saímos da Casa de Galícia, em Madri, onde minutos antes eu acabara de dar uma conferência.

- Deve ter faltado muita coisa, respondi, rindo.

- Eu estou falando sério, disse ela. Faltou comentar sobre o ritmo. O ritmo é o que há de mais importante na vida de uma pessoa, e se ela não respeita a velocidade de como os fatos ocorrem em sua vida, termina ficando desesperada à toa. Tenho notado que a maioria dos peregrinos - seja no Caminho de Santiago, seja nos caminhos da vida - sempre procura seguir o ritmo dos outros. No início de minha peregrinação, procurava ir junto com meu grupo. Cansava-me, exigia de meu corpo mais do que podia dar, vivia tensa e terminei tendo problemas nos tendões do pé esquerdo. Impossibilitada de andar por dois dias, entendi que só conseguiria chegar a Santiago se obedecesse meu ritmo pessoal. Demorei mais que os outros, tive que andar sozinha por muitos trechos - mas foi só porque respeitei meu próprio ritmo que consegui completar o caminho. Só termina qualquer coisa nesta vida quem o faz dentro de suas possibilidades.

- Mas não é preciso ousar, arriscar? perguntei.

-         Arriscar não é sinônimo de perder o controle, foi a resposta.     

 

 

 

 

 

 

05/10/2003